terça-feira, 10 de abril de 2012

OS IMPACTOS DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO NA ESTRATÉGIA DAS EMPRESAS

Pesquisa com líderes de companhias pertencentes a 15 setores do B2B, realizada pelo Instituto de Marketing Industrial, apontou formas para lidar com as oportunidades e os desafios relacionados à perda de competitividade 

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Marketing Industrial (IMI) com presidentes e líderes de empresas de 15 setores do B2B que participaram da Usina do Conhecimento, na sede da Escola de Marketing Industrial (EMI), mostrou que o processo crescente de desindustrialização no Brasil vem se acentuando, com impacto na gestão dos seus negócios, na atividade dos seus fornecedores e, principalmente, nas relações entre as empresas. 

A sondagem considerou três eixos relevantes para a competitividade da indústria brasileira: a liderança tecnológica, a eficiência operacional e a intimidade com os clientes. Foram ouvidos líderes e gestores de fabricantes de máquinas agrícolas e pesadas para construção, do setor gráfico, de automação industrial, energia limpa, transformação de plástico, metalúrgica, celulose e papel, cerâmica, têxtil, TI para meios de pagamento, biotecnologia, alumínio, saúde e comunicação. 

As empresas brasileiras, segundo mostra a pesquisa realizada pelo Instituto de Marketing Industrial, consideram-se bem posicionadas em relação ao domínio tecnológico e às relações com os clientes. Em contrapartida, estão perdendo em eficiência operacional, principalmente devido às questões internas do País. Entre os líderes presentes, 66% apontaram a diminuição da eficiência operacional como um entrave competitivo. 

Já o domínio da tecnologia é um ponto forte da indústria brasileira: apenas 14% das lideranças ouvidas creditam algum impacto da desindustrialização à falta de inovação e de conhecimento tecnológico. 

Outro aspecto positivo da indústria brasileira, para fazer frente à concorrência dominante da China e aos problemas relacionados à falta de infraestrutura e ao elevado custo Brasil, tem sido o fortalecimento das relações com os clientes. Segundo 86% dos líderes entrevistados, a intimidade com o cliente aparece como uma vantagem da indústria em um cenário de menor eficiência operacional. 

“A sondagem deixa claro que a maioria dos entrevistados considera a indústria brasileira moderna e eficaz, e o que precisa ser equacionado, para manter a competitividade com o cenário externo, são questões internas, como infraestrutura deficitária, alta carga tributária e burocracia”, observa José Carlos Teixeira Moreira, presidente do Instituto de Marketing Industrial e da Escola de Marketing Industrial. 

O processo de desindustrialização, portanto, não é visto como resultado apenas da concorrência chinesa, mas principalmente de outras causas profundas e complexas, como questões microeconômicas internas, sistema tributário, regras salariais e custos de logística. 

Teixeira Moreira ressalta que os resultados da pesquisa são muito relevantes pelo fato de ter sido realizada com quem dirige as companhias. Ele explica que a Usina do Conhecimento “fornece pistas sobre a atuação das empresas do B2B, e é palco de pesquisas que aliam evidências e constatações, sendo que as primeiras podem ser quantificadas, ao passo que as evidências regem o comportamento dos gestores de primeira linha”. Trata-se, portanto, de uma mostra de alta qualidade dos impactos no mundo dos negócios que exigem mudanças estratégicas. 

Em relação às estratégias que as empresas estão adotando nesse cenário, o presidente do Instituto e da Escola de Marketing Industrial observa que é preciso habilidade para definir como se posicionar. Ele aponta duas possibilidades: o curto caminho longo, que é a habilidade de as empresas, diante de contingências, tratarem ações imediatas em busca de resultados preliminares, e o longo caminho curto, tratando das causas mais profundas dos desconfortos econômicos e sociais das empresas, buscando criar defesas que protejam a organização de choques futuros. 

“Conhecer as necessidades locais e dos clientes, ofertando não só componentes, mas soluções sob medida, por exemplo, é uma forma de neutralizar a concorrência externa sem entrar em disputa de preço”, acrescenta Teixeira Moreira. Empresas do setor de automação industrial e de máquinas para construção pesada estão entre as que optaram por esse caminho para assegurar seu diferencial competitivo. 

O consultor budista Phil Gold, que também participou da Usina do Conhecimento, observou que o caminho da habilidade, para alcançar o equilíbrio competitivo, requer atenção plena, concentração no foco das mudanças e energia para compartilhar.

Sobre a Usina do Conhecimento 
A Usina do Conhecimento, promovida a cada dois meses pelo Instituto de Marketing Industrial, é um encontro de inovação aberta que reúne lideranças empresariais para debater oportunidades e desafios nas relações do mundo B2B. O encontro, do qual participam os associados do Instituto, busca identificar sinais claros e tênues de oportunidades, bem como descobrir e apontar coisas novas por meio de depoimentos e conversas entre líderes e gestores das companhias. 

Fonte: GP Comunicação

Nenhum comentário: