sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Governo insere 52 nomes na "lista suja" do trabalho escravo

Atualizada nesta sexta (30), o cadastro de empregadores flagrados com mão-de-obra análoga à de escravo cresceu com a entrada de 52 novos registros, chegando ao número recorde de 294 nomes, de acordo com notícia divulgada no Blog do Sakamoto. Entre os que entraram na “lista suja” estão grupos sucroalcooleiros, madeireiras, empresários e até uma empreiteira envolvida na construção da usina hidrelétrica de Jirau. A relação inclui também médicos, políticos, famílias poderosas e casos de exploração de trabalho infantil e de trabalho escravo urbano. Para ver a lista atualizada, clique aqui
http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D33EF459C01348F5EED0C7973/Cadastro%20de%20Empregadores%20dez%2011%20Vers%C3%A3o%20Final%20DETRAE.pdf .

A “lista suja” tem sido um dos principais instrumentos no combate a esse crime, através da pressão da opinião pública e da repressão econômica. Após a inclusão do nome do infrator, instituições federais, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco da Amazônia, o Banco do Nordeste e o BNDES suspendem a contratação de financiamentos e o acesso ao crédito. Bancos privados também estão proibidos de conceder crédito rural aos relacionados na lista. Quem é nela inserido também é submetido a restrições comerciais e outros tipo de bloqueio de negócios por parte das empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo – que representam mais de 25% do PIB brasileiro.

O nome de uma pessoa física ou jurídica é incluído na relação depois de concluído o processo administrativo referente à fiscalização dos auditores do governo federal e lá permanece por, pelo menos, dois anos. Durante esse período, o empregador deve garantir que regularizou os problemas e quitou suas pendências com o governo e os trabalhadores. Caso contrário, permanece na lista.

Abaixo, trechos da apuração de Bianca Pyl, Daniel Santini e Maurício Hashizume, daRepórter Brasil, que monitora o cadastro desde sua criação em novembro de 2003:

Entre os novos registros, há casos como o de Lidenor de Freitas Façanha Júnior, cujos trabalhadores, segundo os auditores fiscais do trabalho envolvidos nas operações de libertação, bebiam água infestada com rãs, e o do fazendeiro Wilson Zemann, que explorava crianças e adolescentes no cultivo de fumo. Entre os estados com mais inclusões nesta atualização estão Pará (9 novos nomes), Mato Grosso e Minais Gerais (8 cada). A incidência do problema no chamado Arco do Desmatamento demonstra que a utilização de trabalho escravo na derrubada da mata para a expansão de empreendimentos agropecuários segue presente.

Nesta atualização, apenas dois nomes foram retirados do cadastro (Dirceu Bottega e Francisco Antélius Sérvulo Vaz), o que pesou para que a relação chegasse a quase 300 registros.

Escravos da cana

Entre os destaques da atualização estão libertações que chamam a atenção pelo grande número de escravos resgatados em plantações de cana-de-açúcar. Só na Usina Santa Clotilde S/A, uma das principais de Alagoas, foram flagrados 401 trabalhadores em situação degradante em 2008. Também entra nesta atualização a Usina Paineiras, que utilizou 81 escravos em Itabapoana (RJ) em 2009. Um ano após o flagrante que resultou nesta inclusão, a empresa comprou a produção da Erbas Agropecuária, onde foram flagrados 95 trabalhadores escravizados.
Mesmo com o aumento da preocupação social por parte das usinas, real ou apenas declarado, o setor ainda tem ocorrências de mão-de-obra escrava.

A Miguel Forte Indústria S/A foi flagrada explorando 35 trabalhadores, incluindo três adolescentes, na colheita de erva-mate em Bituruna (PR). A madeireira, que mantinha o grupo em barracões de lona sob comando de “capatazes”, anuncia na sua página que “o apoio a projetos sociais que promovem a cidadania e o bem-estar, principalmente entre a população carente, mostra o comprometimento da Miguel Forte com os ideais de uma sociedade mais justa e humana”. À frente da empresa, Rui Gerson Brandt, acumula o cargo de presidente do Sindicato das Indústrias de Papel e Celulose do Paraná (Sindpacel).

Hidrelétrica de Jirau

Não é só na monocultura ou no campo que os flagrantes acontecem. As condições degradantes em projetos bilionários do país têm sido uma constante e, nesta atualização, uma das empreiteiras envolvidas na construção de uma hidrelétrica também entrou na lista. A Construtora BS, contratada pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil (Enersus), foi flagrada utilizando 38 escravos na construção da Usina Hidrelétrica de Jirau. Além de enfrentarem problemas relacionados aos alojamentos, segurança no trabalho e saúde, os empregados ainda eram submetidos a escravidão por dívida, por vezes em esquemas sofisticados que envolvem até a cobrança por meio de boletos bancários, conforme denunciado, na época, pela Repórter Brasil.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Propaganda que muda a estratégia do negócio

LÍLIAN CUNHA - O Estado de S.Paulo
O inglês Philip Thomas, presidente do Cannes Lions, gosta de dizer que criatividade na propaganda não é um anúncio incrível ou uma obra de arte. Para ele, é uma solução de venda. E, como tal, faz parte da estratégia do negócio. Esse conceito - que coloca agências de publicidade e companhias anunciantes para trabalhar e pensar juntas - é a tendência mais moderna da propaganda mundial atualmente, na opinião do executivo, que esteve em São Paulo na semana passada.
"O digital é básico. Não adianta dizer que é a tendência porque já foi incorporado. Não existe mais campanha que não o inclua. É preciso dar um salto à frente", diz Thomas. Esse salto adiante, diz, é colocar a criatividade a serviço da estratégia da empresa. "É o que chamamos de 'mash it up'", diz Thomas. Ou seja: misturar tudo.
Um bom exemplo de como essa mistura funciona vem da Austrália. Com apenas 12 funcionários, a pequena agência Happy Soldiers foi escalada com a missão de aumentar as vendas da Tontine, uma das maiores fabricantes de travesseiros daquele país. Publicitários e executivos da indústria traçaram juntos um plano de ação que começou com uma mudança simples nos produtos da companhia: a data de validade dos travesseiros passou a ser estampada bem visível no tecido dos travesseiros.
Com esse mote, Tontine e Happy Soldiers criaram uma campanha que incluiu além de anúncios em vários meios, uma campanha para recolher travesseiros velhos. "Em média, os australianos usam seus travesseiros por dois anos e sete meses - o que já é uma grande melhora com relação aos três anos e três meses registrados antes do início de nossa campanha, em outubro de 2010", diz Adam Heathcote, gerente geral da Tontine. "Mas esse período ainda está longe de dois anos, que é o tempo de uso ideal dos travesseiros", acrescenta.
Ácaro. Os anúncios de TV do travesseiro com data de validade mostram atores representando pessoas em frente ao televisor, assistindo a um comercial da Tontine. Sem mostrar ácaros ou coisas do tipo, o narrador fala do mofo e dos fungos que se proliferam dentro dos travesseiros velhos, fora da validade, enquanto a expressão das pessoas assistindo à TV no filme vai assumindo um ar de espanto e repulsa.
"Nossa meta era um crescimento nas vendas de 30%, em unidades. Mas conseguimos chegar a 345% logo na primeira semana da campanha", diz Lucinda Kew, gerente de marketing e de desenvolvimento de produtos da Tontine. A campanha australiana ganhou dois Leões em Cannes este ano.
Outro exemplo da parceria entre empresa e agência é o caso da Domino's Pizza do Japão, que também foi premiado em Cannes. Quando contratada para fazer uma campanha para a marca americana de pizzas, a agência Hakuhodo, de Tóquio, iniciou uma pesquisa com consumidores para saber como o serviço de entrega de pizzas poderia vender mais. Descobriu que os jovens japoneses - principal público da empresa - não usavam o "delivery" simplesmente porque passavam pouco tempo em casa. Com essa informação, Hakuhodo e Domino's sentaram à mesa juntas para bolar uma estratégia.
O resultado foi o Domino's Pizza App, um aplicativo para ser baixado em iPhones pelo qual o consumidor poderia fazer seus pedidos. Graças ao GPS dos aparelhos, a Domino's localiza onde o consumidor está e entrega a pizza seja qual for esse lugar: um parque, no trabalho, na praia ou na rua. "É uma ideia brilhante, mas não uma ideia de tecnologia. A alma desse projeto foi levar em conta a necessidade do consumidor", afirma Thomas.
A Domino's não revela a performance das vendas no Japão. Mas analistas acreditam que a alta de 17,8% no resultado da companhia no último trimestre tem a ver com a iniciativa.
O Brasil, porém, ainda está longe dessa nova tendência publicitária, segundo Rafael Sampaio, vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA). "O que atrapalha é que, aqui, a agência quer uma coisa e o anunciante quer outra. Muitas vezes as duas partes nunca chegam a um acordo", afirma.
Fonte: O Estado de São Paulo.
Contribuição de envio: VDRuiz

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Anac aperta cerco sobre as companhias aéreas

Por Daniel Rittner | De Brasília

Empresas aéreas que tiverem índices elevados de atrasos e cancelamentos vão perder parte de seus voos em horários disputados de aeroportos como Guarulhos, Brasília, Confins e Santos Dumont. Embora ainda preservem "janelas" livres em períodos de menor demanda, esses quatro aeroportos têm faixas de horários completamente lotadas, como o início da manhã e o fim da tarde, dificultando a entrada de novos concorrentes que queiram voar nos períodos de pico.

Hoje, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) já pode redistribuir os "slots" (autorizações de pousos e decolagens) de empresas que não cumprem índices trimestrais de 80% de regularidade e pontualidade, mas a regra só vale para aeroportos congestionados durante todo o dia, o que na prática limita sua aplicação a um único caso: o aeroporto de Congonhas.

No primeiro trimestre de 2012, essa norma mudará e será aplicada por faixas de horário, segundo o diretor-presidente da Anac, Marcelo Guaranys. "A regra atual é de difícil operacionalização e não coíbe suficientemente os cancelamentos e atrasos. Nossa intenção é fazer com que a empresa operando em um aeroporto congestionado se comprometa a fazer um uso mais eficiente da infraestrutura", diz Guaranys.

Ainda não está definido se haverá mudanças no índice mínimo de regularidade e pontualidade. Técnicos da agência vão propor à diretoria alterações na forma de redistribuir os "slots" tomados. Pela regra em vigor, a Anac sorteia 80% dos voos perdidos entre as próprias companhias que atuam no aeroporto, reservando apenas 20% para novas pretendentes. A proposta da área técnica é que essa divisão seja igualitária, mas a diretoria pode apertar mais esses números.

Outra mudança para coibir atrasos e cancelamentos será aplicada antes disso, possivelmente em janeiro. As empresas aéreas serão obrigadas a informar, em seus sites, os índices de regularidade e pontualidade de cada voo, além da categoria a que pertencem os assentos - a Anac tem um selo de qualidade, que vai de A a E, para dimensionar o espaço útil entre as poltronas.

"Tudo isso força as companhias a dar mais informações no ato da compra e estimula melhorias no atendimento aos passageiros", afirma Guaranys, funcionário de carreira da Secretaria do Tesouro. Após passagem pela Anac como diretor, de 2007 a 2010, ele foi escolhido pela presidente Dilma para comandar a agência em julho, liderando a elaboração dos editais de concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília.
Fonte: Jornal Valor Econômico

Braskem elege Brasil para investir

Por Mônica Scaramuzzo | De São Paulo

Nos últimos dois anos, a Braskem fez grandes investimentos no exterior, com aquisições nos Estados Unidos e Europa. Agora, a empresa voltou a eleger o Brasil para desenvolver seus principais projetos de expansão. Carlos Fadigas, CEO da companhia, disse ao Valor que os planos de crescimento no país incluem uma fábrica de polipropileno no polo de Camaçari (BA), duas novas unidades de produção de "plástico verde" e aportes no Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).

O valor total desses investimentos ainda está em discussão, mas deve alcançar US$ 5 bilhões. "Nossa prioridade será o Brasil", afirmou o executivo. O ano de 2011 foi difícil para as indústrias químicas e petroquímicas nacionais, por conta da crise internacional. O setor foi prejudicado pela valorização do dólar e pelos grandes volumes de importação de produtos, o que deve resultar em um saldo comercial negativo em US$ 25,9 bilhões.

Apesar desses fatores, segundo Fadigas, a estratégia de voltar a dar prioridade aos investimentos no Brasil leva em conta uma visão de longo prazo. O maior projeto da companhia será tocado em parceria com a Petrobras, no Comperj. Trata-se da maior central petroquímica em construção no país, projeto orçado em US$ 13 bilhões, que terá duas refinarias controladas pela estatal e um polo petroquímico sob comando da Braskem.

A Braskem faz parte do grupo Odebrecht - 8º no ranking brasileiro segundo o anuário "Valor Grandes Grupos" - e possui 28 fábricas em operação no Brasil, parte delas advinda da incorporação da Quattor, em 2010.

A nafta é a principal matriz petroquímica da Braskem. Com o Comperj, que terá maior fonte de gás natural, a companhia se tornará mais competitiva no Brasil, uma vez que os custos para produzir resinas com nafta são bem mais altos.

fonte: Jornal Valor Econômico

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Responsabilidade Social e a Internet

A acessibilidade dos websites é a base para integrar qualquer dispositivo de input/output que permita (através de hardware/software próprio para o efeito) uma interacção mais facilitada a pessoas com restrições, como por exemplo: a leitura e reconhecimento por voz.
Cláudia Lima


Actualmente, as pessoas e as organizações têm vindo a criar uma tendência para estarem mais sensíveis aos problemas da sociedade. A abrupta evolução da natureza, com todas as catástrofes naturais que temos observado, tem aproximado os Homens e consequentemente, evoluído a consciência deles face às dificuldades da Humanidade.

As próprias empresas têm criado uma consciência de responsabilidade social fundamental para passar este sentimento comunitário da teoria à prática. Porém, há um aspecto essencial nessa transformação – o ajudar o próximo. Desde sempre que nos incutem essa mensagem: ajudar alguém com dificuldades (visuais/motoras) a atravessar a passadeira, ajudar um analfabeto a ler/escrever, e outras. Pessoas com restrições nas suas capacidades motoras, visuais e cognitivas, merecem a nossa maior atenção, pois apesar de notar-se já uma crescente preocupação com esta temática, até há uns anos atrás eram algo marginalizadas na sociedade.

Neste contexto, e com os meios de comunicação que existem hoje em dia, cabe às organizações, claro que suportadas com o empenho de cada colaborador, tornar os serviços da sua empresa acessíveis a todos. É neste ponto que a importância da tecnologia é revelada.

Actualmente, existem centenas de dispositivos que acedem à Internet. Por isso, torna-se imperativo que os conteúdos disponíveis na web estejam estruturados de forma a tornar acessível (a todos) a interpretação da informação que contêm. Se um website for desenvolvido seguindo os standards da W3C, existe uma probabilidade muito forte de este ser “compliant” com muitos browsers e dispositivos de input/output.

Para tal, deve ser tomada uma atitude pragmática. Todo o conteúdo de umwebsite deverá estar acessível, de forma correcta e coerente, ao maior número de pessoas possível, através de software e hardware, com especial atenção para dispositivos de input/output para pessoas com algumas restrições.

Ou seja, as empresas que, de alguma forma, disponibilizam informação/serviços pela Internet, deveriam estar atentos às regras definidas e verificar a integridade e acessibilidade do seu website.

A acessibilidade dos websites é a base para integrar qualquer dispositivo de input/output que permita (através de hardware/software próprio para o efeito) uma interacção mais facilitada a pessoas com restrições, como por exemplo: a leitura e reconhecimento por voz. Este tipo de tecnologias permitem novas funcionalidades e prometem alargar horizontes e abrir as portas do mundo digital a uma importante fatia da sociedade.

Fonte: Mktonline - Portugal