terça-feira, 5 de julho de 2011

"Aquele rapaz do Facebook, o Mark Zuckerberg, nem sonhava em nascer e eu já estava no mercado"

Leia sobre o assunto no Estadão de hoje:
Naiana Oscar - O Estado de S.Paulo
Ao telefone, antes de se apresentar ou dizer qualquer coisa sobre a rede social que acabou de desenvolver, o empresário paulista Pierre Grossmann, tratou de deixar bem claro: "Aquele rapaz do Facebook, o Mark Zuckerberg, nem sonhava em nascer e eu já estava no mercado", gaba-se o empreendedor de 71 anos de idade.
Evelson de Freitas/AE
Evelson de Freitas/AE
Crescimento. Grossmann busca parcerias com Sebrae e Fecomércio para ganhar usuários
De seu escritório perto da Avenida Paulista, Grossmann desenvolveu uma ferramenta capaz de integrar pequenas empresas do mundo inteiro e permitir que elas fechem negócios em tempo real. Com um discurso salpicado de expressões em inglês, foi o próprio empresário que batizou sua rede social. Chama-se "Yes, I Can Do B2B".
Em português: "Sim, eu posso fazer B2B" - sigla com origem na expressão "business to business", adotada também no Brasil para definir as relações comerciais entre duas empresas. A escolha do nome em inglês ajuda a entender um pouco como surgiu a rede social de Grossmann e com que finalidade.
A primeira versão do que viria a ser uma rede social nasceu como ferramenta para ajudar pequenos empresários brasileiros a oferecer seus produtos no exterior. No entanto, Grossmann percebeu que o idioma era uma barreira e que muitos empreendedores não conseguiam sequer descrever o que fabricavam em outra língua. Isso poderia emperrar as tentativas de negócio.
A partir daí, o empresário desenvolveu um "buscador multi-idiomas", com mais de meio milhão de termos de produtos industrializados. Com a ajuda de jovens programadores (que têm um terço de sua idade), o empresário trabalhou nesse projeto por quase uma década, sem muito sucesso, até perceber que precisaria seguir os passos "do moleque" Zuckerberg e criar também uma rede social.
Agora, os usuários podem se cadastrar gratuitamente, criar um perfil e encontrar parceiros comerciais no mundo inteiro, com o auxílio do "tradutor" de termos industriais para várias línguas. A futura receita do site virá dos catálogos de produtos: é preciso pagar US$ 200 por ano para deixar as mercadorias registradas na "biblioteca" da rede.
Do zero. Por enquanto, com 4 mil empresários cadastrados, Grossmann diz que não tem uma receita significativa. "Como os meninos do Google e do Facebook, eu também estou começando do zero", compara. Os custos de operação, estima ele, giram em torno de US$ 25 mil por mês, incluindo os quatro funcionários e registro internacional de patente.
Agora, ele está em negociação com entidades como Sebrae e Fecomércio para que o site chegue mais facilmente aos empresários atendidos por essas instituições. "É uma ferramenta universal e futurística", diz o empreendedor, dono de um iPad e de um iPhone, que estão sempre por perto.
A afinidade de Grossmann com o mundo da tecnologia remonta à década de 70, quando ele abriu uma empresa que vendia publicações técnicas internacionais e bancos de dados para outras empresas e universidades, como USP e Unicamp. Antes disso, ele vendia a enciclopédia Britânica de porta em porta. "Não tenho mais cabeça para mexer com programação, mas entendo de fazer negócio e ganhar dinheiro, coisa que esses meninos mais jovens não sabem fazer."
Perto dessa "garotada" que está empreendendo na área de tecnologia, no Brasil e no mundo, Grossmann é sem dúvida uma exceção. Como as redes sociais são um fenômeno recente, de 2005 pra cá, os jovens têm muito mais facilidade de criar produtos nesse segmento, diz o professor de tecnologia digital da ESPM, Rafael Amado. "Já é raro ver gente com mais de 30 ou 40 anos de idade nessa área", diz o pesquisador. "Para o mais novo essa já é uma linguagem nativa enquanto os mais velhos ainda precisam se adaptar."
4 RAZÕES PARA...
A aposta na rede social
1.A criação de perfis detalhados ajuda os usuários a detectarem melhor os possíveis parceiros comerciais, evitando perda de tempo ou mal entendidos.
2.Com a criação de um ambiente multicultural, os empresários podem usar um tradutor para garantir a comunicação com parceiros internacionais.
3.Uma biblioteca de produtos permitirá que os cadastrados busquem o que estão procurando - é dessa base de dados que virá a receita da rede social de Grossmann.
4.Com a popularização do Orkut e do Facebook, o empresário não tem dificuldade em se adequar ao modelo de rede social, o que dá um caráter autoexplicativo à iniciativa. 
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

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