A última aula da Escola Base
Os donos da Escola Base, Maria Aparecida Shimada e seu marido Icushiro Shimada, e mais o colaborador Maurício de Alvarenga, ganharam uma indenização de cem salários mínimos por danos morais a ser paga pelo governo de São Paulo. Eles foram à Justiça depois que a polícia os acusou injustamente, em 1994, de promover orgias com menores na escola infantil que mantinham no bairro da Aclimação. O episódio é um dos mais graves da relação entre polícia-mídia-acusados da história do país. A polícia deu crédito excessivo a uma denúncia de mãe de alunos da escola, e a imprensa assumiu a queixa como se fosse fato provado. "Perua escolar carregava crianças para orgia", estampou , por exemplo, a Folha da Tarde. "Escola de horrores", sentenciou a revista Veja. Os acusados foram considerados inocentes ao final de um inquérito encerrado às pressas para que todos esquecessem o pesadelo. Nenhum policial foi punido, apesar de alguns acusados terem sido torturados, assim como não há notícia de que algum jornalista tenha recebido punição pelo péssimo comportamento profissional. O advogado dos três, Kalil Abdalla, não ficou satisfeito com o valor da indenização e anunciou que entrará com recurso pedindo R$ 2,8 milhões para cada um deles. Aballa não responsabiliza a imprensa pelo assassinato civil dos seus clientes.Mas a advogada Maria Elisa Munhol, que representa o casal Saulo e Mara Nunes, outros denunciados no episódio, está processando as TVs Globo e SBT e os jornais Folha de S. Paulo, Folha da Tarde e Notícias Populares. Ela quer que esses meios de comunicação paguem R$ 3,2 milhões a cada um dos ofendidos.
O caso Escola Base ficou como um símbolo da inexatidão e julgamento açodado da mídia. Talvez seja o caso em que houve maior autocrítica da imprensa, embora a causa do erro jamais tenha sido atacada : a relação promíscua entre repórteres e policiais. A imprensa continuou a divulgar como verdades as deduções precipitadas da polícia, que investiga pouco e julga muito. O recente episódio do suposto sequestro do menino D., tambem em São Paulo, foi uma repetição dolorosa da Escola Base. Um delegado incompetente não investigou minimamente o caso, prendeu os dois acusados, e eles foram expostos à execração pública e torturados por seus colegas de cárcere. Coube aos vizinhos fazer o trabalho que a polícia deveria ter feito: testemunharam que os acusados não mantinham o garoto amarrado num quarto escuro, como ele denunciara. Aí a imprensa descobriu que, mais uma vez, comprara gato por lebre.
Obs: tenha um planejamento para crises. Elas não escolhem hora para acontecer.
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