terça-feira, 3 de junho de 2008

MÃO QUE ECONOMIZA É MÃO QUE NÃO PEDE - ARTIGO

O título deste artigo é, com certeza, algo desconhecido e estranho para a maioria das pessoas com menos de 60 anos. Este era o slogan da Caixa Econômica Federal no início dos anos 50, que tinha como objetivo estimular crianças a usarem um cofrinho como forma de conscientizá-las sobre a importância de poupar.
Este estímulo à poupança era produto de duas circunstâncias. Uma histórica, pois estávamos vivendo um período de pós-guerra e fazia todo sentido desenvolver um olhar e preocupação com o futuro - sempre incerto - em função do passado e presente de grandes dificuldades para muitas famílias. A segunda era a cultura de preparar os filhos dentro de um senso de responsabilidade na sua relação com o dinheiro, às dificuldades para conquistá-lo e os cuidados no seu uso.
É interessante como toda esta situação criou em muitos de nós que a vivemos uma cultura e um comportamento mais preventivo. E não apenas na relação com o dinheiro, mas em vários aspectos da vida. Como exemplo pessoal, estou na categoria de pessoas que consulta o geriatra desde os 40 anos e administra - e desfruta - do presente com um olho sempre no futuro. Mas não de forma que cada momento atual não possa ser vivido plenamente. Aliás, sobre este assunto recomendo a leitura do livro "O valor do manhã", de Eduardo Giannetti, que o aborda de forma brilhante.
As gerações das décadas de 60 e 70 não foram estimuladas ao uso do cofrinho, pois nasceram sob o signo da inflação galopante. Guardar dinheiro significava o risco de que, no futuro, o bem desejado estaria valendo mais do que se conseguiu guardar. As condutas eram muito mais imediatistas e administrar recursos financeiros tornou-se um verdadeiro jogo entre o prazo da compra e o do pagamento. Ganhar ou perder dependia muito mais da capacidade de cada um de encarar esta ginástica mental e financeira. Ao mesmo tempo, ocorreu o início um comportamento mais consumista na medida em que devemos um olhar mais focado no presente e os desejos ou necessidades a serem supridas.
Mas, curiosamente, nosso atual quadro econômico, social e político começa a exigir das pessoas uma conduta mais cautelosa com relação ao seu futuro financeiro e de seus filhos. Na mesma medida em que a economia mundial apresenta alta liquidez, também temos de lidar com fatos novos como maiores índices de longevidade da população, falência dos sistemas de previdência, mudanças no mundo e nas formas do trabalho, desemprego crescente e obsolescência de profissões tradicionais.
Diria que os adultos de hoje, especialmente nas faixas entre os 35 e 55 anos de idade, enfrentam novos desafios. Tanto para suas próprias vidas como na orientação que devem proporcionar aos seus filhos. Aqueles que estiverem educando filhos para uma situação de dependência, tanto psicológica como financeira, com certeza correm grandes riscos. Especialmente se considerarmos que nossa sociedade está cada vez mais competitiva e meritocrática. Possivelmente, um dos grandes desafios que os pais dos dias atuais vão enfrentar é descobrir formas de equilíbrio entre poupar e consumir.
Nossa sociedade está se tornando mais consumista e com mais ofertas sedutoras a cada dia. Especialmente as crianças se tornam alvo e vítimas dos hábeis marqueteiros e seus produtos ou serviços. Cabe aos pais dialogar com os filhos sobre o tema. Mas, acima de tudo, descobrirem formas criativas de associar o dinheiro - ou sua distribuição - a formas compensatórias que o vincule a conquistas, esforço e mérito. Em hipótese alguma deve ser encarado apenas como uma mesada que procura "comprar" a compreensão de filhos para suas ausências e falta de participação na vida das crianças.
Ao mesmo tempo, uma grande maioria dos que se aposentarem nos próximos anos precisam criar fontes alternativas de rendimentos ou ocupação para que possam manter certo padrão de vida e não se deixem envolver em processos depressivos irreversíveis.
É evidente que o possível objetivo deste artigo é provocar reflexões e inquietudes sobre estes temas. Nada mais. Mas, cabe a cada um desenvolver ações concretas e preventivas para administrar as suas incertezas e necessidades.
E, como sempre, recomendo que o assunto não mereça uma atenção apenas individual. É tema para ser compartilhado com familiares e, principalmente, como forma de iniciar a educação dos filhos para um bom relacionamento com dinheiro, patrimônio, ética e para a própria vida.
FONTE: Valor Econômico - 23/05/2008 - Renato Bernhoeft.
Contribuição: Vanessa Manacero

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