E NO MEIO DA AULA...
O que é... MBA?
É um curso que não vai deixar você sair de uma entrevista com um
sorriso amarelo
Por Max Gehringer
Ao concluir um curso universitário nos Estados Unidos, a
pessoa recebe um degree. Se o curso for numa área ligada
à administração de negócios, esse degree é chamado de
Business Administration, ou, abreviando, BA. No Brasil é a
mesma coisa: o formando recebe um grau, e a cerimônia de
conclusão do curso é chamada de "colação de grau", sendo
que essa "colação" nada tem a ver com o fato de alguém ter
colado para passar de ano. Ela vem do latim collatione, "comparação".
Significa que o colado adquire o direito legal de ser equiparado a qualquer
profissional da área. Mas aí o americano pode decidir que não quer apenas
se comparar aos demais, mas se sobressair, e para conseguir isso ele terá
de fazer um novo curso. Curso que, no Brasil, até pouco tempo, nós chamávamos
de pós-graduação. Lá, esse curso suplementar permite colocar uma outra letrinha
antes do BA: o M, de Master. Portanto, o BA dá direito a um degree, e o MBA
a um pedigree.
Como todo mundo já percebeu, a sigla MBA colou no mercado de trabalho
brasileiro, e o resultado prático disso é que nossos cursos de pós-graduação
mudaram de nome. Mas muita gente recém-formada se pergunta se, depois
de quatro longos anos de "facu", é mesmo necessário encarar mais dois de
MBA. A resposta é "sim", e com ênfase absoluta. Mas, para entender exatamente
por que, é preciso fazer uma profunda pesquisa de campo. A pessoa interessada
deve se dirigir a um supermercado, procurar a seção de perfumaria, e parar diante
da prateleira onde estão os cremes dentais, vulgo pasta de dente.
E, quando isso acontece, a área de marketing tem de entrar em ação para
criar um "fator diferencial da marca". Foi o que fez a turma da empresa líder
do setor, a Colgate: lançou o Colgate com gardol. Um sucesso instantâneo.
Isso forçou a vice-líder Kolynos a reagir, o que ela conseguiu ao colocar no
mercado o Kolynos com clorofila. E a competição esquentou de vez quando,
logo em seguida, apareceu uma terceira marca, Signal, que tinha hexaclorofeno!
Embora nenhum consumidor soubesse exatamente qual era o real impacto
daqueles três ingredientes no seu teclado bucal, a verdade é que em pouco
tempo ninguém mais queria consumir uma pasta de dente que não oferecesse
um "algo mais". E isso obrigou as demais marcas a inventar um "componente x"
qualquer, o que é a regra do mercado até hoje. Dê só uma olhada aí na prateleira.
O creme dental Phillips, por exemplo, tem LMP, e um asterisco na embalagem
explica que isso é hidróxido de magnésio. Você sabe o que o hidróxido de magnésio
faz? Nããão? Pois é exatamente o mesmo que um MBA faz por sua carreira:
chama a atenção, diferencia, impressiona.
De certa forma, um profissional é como um tubo de dentifrício, que se expõe
para chamar a atenção do consumidor final de seu talento - a empresa - com
o currículo funcionando como um outdoor. E, assim como o mercado de
consumo adotou os hexaclôs e lemepês, o mercado de trabalho se encantou
com os mebeás. E com o mercado não se discute, adapta-se. Na hora da
entrevista para um novo emprego, gardóis e mebeás têm a mesma finalidade:
evitar que o pretendente seja rejeitado e aí tenha que dar aquele sorriso amarelo...
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